Existe uma citação atribuída à Charles Darwin, em seu livro A Origem das Espécies, que diz “Na natureza não é o mais forte nem o mais rápido que sobrevive e sim aquele com maior capacidade de adaptação”. Infelizmente, a propriedade dessa citação está sendo questionada, dizem que não consta no livro. É uma pena, gostaria muito que fosse de Charles Darwin, mas isso não faz diferença para o nosso tema.

O líder que conhecíamos no passado, superpoderoso, conhecedor de todos os assuntos, infalível, se tornou um animal em extinção. Se vivo fosse, Darwin certamente escreveria hoje, 160 anos depois, uma nova edição citando essa mudança no perfil do líder, da Liderança.

O principal insumo da liderança hoje é a informação e, aqui, cabe uma diferenciação entre dados e informação. Classifico como dados todo o conteúdo disponível para consulta. Classifico como informação todos os dados que associados a um contexto específico agregam valor.

Segundo um estudo publicado pelo Gartner, 80% dos dados disponíveis no mundo são desestruturados, como vídeos, posts, podcasts, figuras, e etc. Além disso, esse volume crescerá 800% em 5 anos.

Selecionar dentre estes dados o que pode ser uma informação e, mais que isso, uma informação relevante, requer ferramentas poderosas, processos e metodologia. Agora, imagine o quão cruel seria a vida do líder se ele ainda tentasse ser o detentor de todo esse conhecimento na empresa. Imagine a lentidão que seria o processo de tomada de decisão.

Por isso, podemos considerar saudosamente que o extinto líder tradicional, super-homem, encontrou sua kriptonita: a informação.

Muitas outras virtudes se tornaram relevantes no líder moderno, como capacitar seu time na obtenção de informações críticas, gerenciar um time com conhecimento distribuído e, principalmente, agilizar o processo de tomada de decisões.

Muitas metodologias e processos ágeis estão sendo desenvolvidos justamente para reduzir essa dependência. Não somente o líder precisa se adaptar, mas também sua equipe e sua empresa. 

Entretanto, é insensato esperar toda essa mudança nos líderes se continuamos a selecioná-los e capacitá-los para o cenário antigo. É fundamental que seja focado em outras potencialidades, outras virtudes, não somente para preparar o líder da nova era, como também para adaptar os líderes experientes a este novo habitat, como diria nosso mestre Darwin.

No seu livro A Coragem de Ser Imperfeito, Brené Brown quebra o paradigma da vulnerabilidade, mostrando que não é um sinal de fraqueza e sim de fortaleza, uma vez que só os fortes demonstram suas fraquezas sem temer a perda de poder.

Eu acho que abordar esse novo conceito é muito importante no processo de formação e capacitação para ajustar o mindset dos futuros líderes.

 

 

por: Walter Espírito Santo – Professor-Executivo do IDCE